24 junho 2006

Mariana

Escura, clara, clara, escura,
E as peças testemunhas de vida desfilavam.
Branca, branca, escura, isto ã... lavo à mão.
E a mente dispersa parecia estar concentrada numa só coisa, por uma vez.
Hum, talvez deva por amaciador ou será que ponho só nas fibras mais rijas? Bem de qualquer maneira não devia usar amaciador de todo. Gasto de dinheiro e tempo desnecessário.
Espera, o que é isto?
- Ruben! O que é que está o teu diginomn a fazer no bolso do meu casaco?
O pequeno correu o corredor. Olhou para a figura de plástico azul.
- Mãe, isso é um pokémon! – sorriu
Tirou-o das mãos da mãe e correu de novo para o quarto.
Não vejo qual é a diferença... Mas pronto.
- Qual é a diferença?
A resposta não veio.
E a mente disparou de novo. Cores, branca, ganga, botão-que-precisa-de-ser-cosido. Não é melhor pedir à Matilde. Não tenho tempo para costurar.
- Oh Ruben o que é que...?...
Um barulho metálico ecou pelas paredes. Um zumbido que penetra sem piedade a estrutura humana e que mesmo quando acaba ecoa por dentro.
Uma chave no chão. Duas moedas. Um papel rasgado.
Mariana berrou. Agarrou no casaco e começou a chorar.
A gemer. Daqueles choros que por vezes são confundidos com um ataque de riso. Daqueles choros que vêm de dentro, que ninguém consegue parar. Nem mesmo o pirralho que entra na casa de banho e abraça a mãe. Nem mesmo um “Já passou mamã”. Nem mesmo uma ventania que abre a janela. Nem mesmo um abraço sem fim.
Nem mesmo isso. Nem mesmo nada.
Escuro, escuro, escuro, escuro...
Acho que estas tenho que as lavar à parte.